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Nota: O pior inimigo da democracia brasileira ocupa seu cargo máximo, o melhor amigo do coronavírus, também

Nota: O pior inimigo da democracia brasileira ocupa seu cargo máximo, o melhor amigo do coronavírus, também
O Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Rio Grande do Sul (SIMPE-RS) vem a público repudiar a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, em manifestação antidemocrática no último domingo (19). O ato contra a democracia ocorreu em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, com manifestantes empunhando faixas e cartazes com dizeres contra o Supremo Tribunal Federal, contra o Congresso, defendendo uma intervenção militar e pedindo um novo AI5 (ato institucional da ditadura militar que fechou o Congresso, cassou políticos, suspendeu direitos, instituiu a censura à imprensa e levou à tortura e à morte de presos políticos).

Esse tipo de manifestação é proibido pela Constituição Federal de 1988, e é inadmissível que o presidente da República, cargo máximo da democracia instituída no Brasil às custas de muita luta e de muitas vidas, participe e apoie atos como este. Tais manifestações não têm qualquer objetivo se não o de insuflar o avanço de pretensões autoritárias sobre a nossa democracia. Enquanto os presentes pediam intervenção militar, Bolsonaro, discursava sem, em nenhum momento, condenar a afronta à Constituição de que ele próprio participava. Ao contrário, e negando o princípio máximo da República, de divisão e harmonia entre os Poderes, disse não querer negociar e inflamou os manifestantes a seguirem realizando atividades como aquela.

Além de ignorar e atacar os preceitos máximos da democracia e da República, que fundamentam a nossa nação, Bolsonaro também ignora e ataca as recomendações de saúde expedidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo seu próprio Ministério da Saúde, de isolamento social como forma mais efetiva de prevenção à infecção por coronavírus. Com seus discursos e condutas anti-científicos, Bolsonaro quer provocar uma verdadeira chacina no Brasil. Ao participar de uma aglomeração pública, sem respeitar o distanciamento mínimo e sem utilizar máscara de proteção, o ocupante do Palácio do Planalto tripudia sobre a dor e a aflição das famílias das mais de 2400 vítimas fatais e 39 mil infectados por coronavírus no Brasil. A calamidade sanitário-econômico-social, imposta pela rápida propagação da pandemia de Covid-19 no país, exige a liderança de um estadista orientado pela ciência e com ações que façam o país e seus cidadãos passarem o mais rapidamente e melhor possível pela crise, ao invés de aprofundá-la a cada discurso e cada ato da Presidência.

As ideias autoritárias de Bolsonaro nunca foram escondidas, enquanto parlamentar, ele defendeu a ditadura militar, e até torturadores, em diversas ocasiões. Agora utiliza alguns poucos, porém repudiáveis, manifestantes pró-intervenção militar para espalhar, mais uma vez, o fantasma do autoritarismo e da intolerância política sobre o Brasil. O pior inimigo da democracia brasileira ocupa seu cargo máximo, e o melhor amigo do vírus, também. Não podemos permitir que Bolsonaro siga usando de seu lugar de presidente para envergonhar e atacar a República. A democracia, regime da tolerância, não pode tolerar o autoritarismo, sob pena da sua própria extinção. A democracia e o enfrentamento à pandemia exigem uma liderança orientada pela ciência e por princípios republicanos, e este cargo, no Brasil, está vago.