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Em evento promovido por banco suíço, Leite defende reforma administrativa com efeitos imediatos sobre atuais servidores

Em evento promovido por banco suíço, Leite defende reforma administrativa com efeitos imediatos sobre atuais servidores
O governador Eduardo Leite (PSDB), afirmou em evento promovido pelo banco suíço Credit Suisse na terça-feira (26), que a reforma administrativa federal deveria ser “mais ousada”. Para Leite, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020 precisa promover efeitos imediatos.

Leite citou como exemplo a reforma aprovada no estado no início de 2020, que promoveu, por exemplo, a exclusão de gratificações como a dos triênios de forma imediata para todos servidores ativos. Para ele, o mesmo deveria ser feito na reforma federal. No evento para investidores, o governador gaúcho ainda criticou a demora para aprovação do projeto.

O diretor institucional do SIMPE-RS, Daniel Sant Anna, critica a fala do governador e lembra que a reforma administrativa no estado trouxe sérias consequências: “O governador segue a cartilha do neoliberalismo e sua fala agrada quem banca suas campanhas políticas. A reforma administrativa realizada aqui no estado desbrava a precarização do serviço público. O que ele chama de economia foi um confisco nas carreiras dos servidores públicos onerando ativos e inativos que vão para 7 anos sem nenhuma recomposição salarial”.

A PEC 32/2020, enviada pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional em setembro do ano passado, já prevê medidas como o fim da estabilidade para os novos servidores públicos, mudanças na nas possibilidades de demissão de servidores estáveis e mudanças futuras na estrutura das carreiras do funcionalismo. A reforma ainda pretende alterar os princípios da administração pública, incluindo o princípio da subsidiariedade, o que, na prática, altera a lógica de funcionamento do Estado brasileiro, que passará a atuar apenas como subsidiário à iniciativa privada.

Sant Anna avalia que a reforma proposta pelo governo federal tem um caráter ainda mais abrangente e devastador do que as mudanças promovidas por Leite: “Vivemos um momento em que o papel estatal é decisivo para os rumos da população e a reforma administrativa vem para terceirizar e futuramente privatizar os serviços públicos essenciais para a maioria da população, portanto não se trata de uma reforma administrativa, é sim de uma reforma de estado.

A Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSP/RS), da qual o SIMPE-RS faz parte, vem liderando a resistência à PEC 32/2020 no estado e convocou uma caminhada para a próxima sexta-feira (27). O objetivo é mobilizar a população em defesa dos serviços públicos e contra a reforma administrativa. A concentração para a caminhada inicia às 17h, no Largo Glênio Peres, no Centro de Porto Alegre.