Notícias

Breve Despedida de um Ser Inquieto, Por Cristiano Linhares

Breve Despedida de um Ser Inquieto, Por Cristiano Linhares
A pedido do ilustre colega, Jodar Pedroso Prates, presidente do SIMPE-RS, escrevo esta mensagem com o objetivo de marcar os 19 anos em que exerci mandato classista representando os servidores do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Fiquei comovido com a consideração do colega pela minha trajetória e resolvi responder ao seu pedido.

Foi em 2002 que recebi o convite para ingressar na Diretoria da APROJUS. Na época, exercia as atribuições de Secretário de Diligências na Promotoria de Justiça de São Leopoldo e me aconselhei com um Promotor de Justiça com quem eu trabalhava. Não esqueço até hoje de suas palavras: “Aceita, Cristiano! Vais conhecer pessoas, lugares, vivenciar situações que não terás oportunidade se continuares aqui como Secretário”.

Aceitei e, realmente, foi tudo que ele me disse... E muito mais.

Tive o privilégio de participar da fundação da ANSEMP – Associação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais. Participei das Diretorias da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública e da FASP – Federação das Associações de Servidores Públicos do Rio Grande do Sul. Todas essas experiências me permitiram conviver com pessoas notáveis e me deram amizades que cultivo até hoje.

Sei que muitas vezes falhei, mas não guardo arrependimentos. Aliás, guardo um grande arrependimento que preciso registrar aqui para que sirva de lição a todos: o de não defender a proposta de plano de carreira negociado na gestão da Dra. Simone Mariano da Rocha, tal qual formatado na mesa de negociação da Administração Superior com as entidades. Na época, dei ouvidos a reivindicações totalmente desvinculadas do coletivo e defendi alterações na proposta original. Até hoje acho que isso prejudicou a tramitação célere daquela proposta que, se tivesse sido aprovada tal qual fora negociada, teria beneficiado todos os servidores. Estaríamos TODOS, sem dúvida, numa situação muito melhor que a atual.

Uma das situações que mais me abalou na minha vida, como representante da nossa categoria, foi quando escutei de uma integrante da Administração Superior do Ministério Público que nenhuma das reivindicações encaminhadas pelas entidades representativas dos servidores era legítima, porque a maioria dos servidores da Instituição não era vinculada a nenhuma delas. Doeu porque, em parte, é verdade! E dói ainda porque cada vez mais estamos distantes da união e participação que deveríamos alcançar. Dói muito mais ainda porque a culpa dessa desunião é nossa. Vejo serem criadas entidades que não conseguem nem ao menos ter adesão total dos ocupantes dos cargos que pretendem representar, desprovidas totalmente de legitimidade. Vejo entidades se autodenominando de clube, num equívoco total do que consiste a representação de uma categoria, retrocedendo em toda a sua trajetória.

Mas, agora, só observo. Acho que já vivi muito como representante classista e, por decisão própria, ao término da gestão atual do SIMPE, no dia 28 de outubro de 2021, é chegada a hora de me afastar e dar lugar a novas ideias, permitir que novas trajetórias sejam escritas, assim como tive a oportunidade de escrever o meu capítulo nessa história.

Já há três anos estou exercendo minhas atribuições como Oficial do MP no CIACA e estou muito satisfeito com essa experiência. Tenho colegas ótimos e um ambiente de trabalho muito saudável. Em março de 2021, contrai o COVID-19 (foram vinte dias de internação e sete dias na UTI). Sei que fui abençoado, pois me foi concedida a oportunidade de continuar vivendo, o que muitos não tiveram. Assim, despeço-me num momento muito especial em minha vida, na qual o principal compromisso é com as minhas experiências pessoais, com os valores que realmente acredito, com as pessoas que amo.

Deixo a seguinte mensagem: dentro ou fora de nossa Instituição, não existe salvador, não existe mito, não existe ninguém que possa mudar a sua realidade a não ser você mesmo; ou seja, não existe como mudar a realidade da nossa categoria senão pela nossa própria UNIÃO.

Um abraço fraterno a todos,
Cristiano Linhares de Menezes Borba.