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51ª Marcha Zumbi Dandara acontece no próximo domingo, em Porto Alegre

51ª Marcha Zumbi Dandara acontece no próximo domingo, em Porto Alegre

Para marcar o dia 20 de novembro, data em que se debate a questão racial no Brasil, entidades ligadas ao movimento negro, além de sindicatos e movimentos sociais realizarão a 51ª edição da Marcha Independente Zumbi e Dandara em Porto Alegre. O evento terá concentração às 16h no Largo Zumbi dos Palmares e percorrerá a Av. Perimetral, a Av. Augusto de Carvalho em direção à Orla do Guaíba e se encerra na Praça do Tambor.


A organização vem se reunindo semanalmente e decidiu coletivamente que as palavras de ordem este ano serão: “Enquanto houver racismo, não haverá democracia. Ditadura nunca mais!” O objetivo é dialogar com a sociedade sobre o resultado das eleições e como isso afeta diretamente a população negra, além de destacar a luta em torno da aprovação de um feriado nacional pelo dia da Consciência Negra.


Nesta semana, foi divulgada uma Carta Aberta à Sociedade Gaúcha com uma pauta antirracista que as entidades defendem que deve estar na centralidade do debate no governo.


Confira:


CARTA ABERTA À SOCIEDADE GAÚCHA


Estamos vivendo um retrocesso histórico, violento, em que a defesa da Democracia e a garantia do respeito de nossa decisão das urnas é a mais urgente das nossas lutas.


A conjuntura de golpe, retrocessos e retirada de direitos individuais e coletivos está destruindo e profanando nossas tradições e patrimônios históricos, materiais e imateriais. O genocídio da população negra é, atualmente, institucionalizado. Crianças, jovens e mulheres negras e negros, são assassinados diariamente, por todo o país, pelas forças de (in)segurança municipais, estaduais e federais e pelas milícias, apoiadas por poderosas forças políticas ligadas aos Poderes Executivo e Legislativo Federal e com reforço ideológico de seitas neopentecostais.


O golpe que tirou do poder a Presidenta Dilma Rousseff e elegeu um projeto autoritário e marcado por discurso e práticas nazifascistas, aprofundou e recrudesceu as relações sociais e de trabalho, com elevação do desemprego, aumentando a marginalização da população negra. Negras e negros constituem a grande maioria de trabalhadores no Brasil, mas ainda em grande parte ocupando funções subalternas e com remuneração inferior à dos trabalhadores brancos. As reformas apresentadas e aprovadas na CLT, Previdência Social e o processo de extinção do SUS em curso afetam diretamente milhões de famílias de negros e negras. Nessas reformas está implícito o genocídio.


O resultado da última eleição presidencial, somado à luta permanente por direitos, traz uma perspectiva de mudança desta realidade. Conseguimos conter o projeto de poder autoritário de Bolsonaro e elegemos o candidato que uniu todo o campo progressista em torno da reconstrução do país pelas mãos dos trabalhadores. A tarefa de primeira hora é garantir o respeito ao resultado das urnas e a posse do novo governo - o qual pode representar um novo horizonte das nossas mobilizações coletivas. Nesse sentido, estamos fazendo nossa parte: derrotamos Bolsonaro nas urnas e continuamos nas ruas em luta pela democracia e para acabar com o bolsonarismo.


A pauta antirracista deve estar na centralidade do debate no governo, assim como a luta antirracista deve ser abraçada por toda a sociedade (brancos e negros) e no ano inteiro, não apenas em Novembro. Assim, exigimos:


- Efetivação do Estado Laico e combate ao racismo religioso;

- Políticas voltadas para as milhões de mulheres negras, chefes de família, base da força de trabalho do país;

- Feriado nacional da Consciência Negra (20 de novembro);

- Enfrentamento ao extermínio da juventude negra;

- Ampliação das cotas raciais;

- O efetivo cumprimento das leis que determinam o ensino de história e cultura afrobrasileira e indígena em todos os níveis de ensino(leis nº 10639 e 11645)

- Preservação dos territórios e das comunidades tradicionais;

- Imediata regulamentação da Lei do CODENE/RS, com aprovação do FUNPIR (Fundo de Reparações da Comunidade Negra).


Sabemos que há muito mais no que avançar, mas essas são pautas mínimas inegociáveis para enfrentar os problemas mais urgentes. Apenas a classe trabalhadora e o povo negro, mobilizados e organizados, têm o poder de defender e fazer avançar tais pautas neste contexto ainda tão desfavorável. Isso é fundamental para pavimentarmos o caminho rumo à superação do racismo, à efetivação do Estado Democrático de Direito e para a construção, por nossas mãos, de um país melhor para todos, todas e todes.


Enquanto houver racismo, não haverá democracia.


Ditadura Nunca Mais!


Movimentos, entidades e organizações que integram o coletivo Novembro Antirracista Unificado 2022

Porto Alegre, Novembro de 2022


TODOS, TODAS E TODES À MARCHA INDEPENDENTE ZUMBI-DANDARA!

20 DE NOVEMBRO - CONCENTRAÇÃO A PARTIR DAS 16h NO LARGO ZUMBI DOS PALMARES