O Interativa da TV SIMPE desta semana abordou os efeitos do teletrabalho na vida dos servidores. O programa recebeu o médico do trabalho e doutor em epidemiologia Fernando Feijó e o coordenador-geral da FENAJUFE, Cristiano Moreira. Eles abordaram o tema a partir da Pesquisa de Saúde dos Trabalhadores do Judiciário Federal no RS , realizada pelo Sintrajufe/RS entre 2018 e 2019.
Os dados levantados no estudo apontam o agravamento de algumas situações para servidores que exercem suas funções remotamente. A cobrança por metas excessivas, por exemplo, é maior entre os servidores em teletrabalho, atingindo praticamente o dobro de servidores em relação àqueles em regime de trabalho tradicional, o que representa risco à saúde.
O cruzamento de dados da Pesquisa determinou que a ocorrência de metas excessivas (altas/muito altas) é fator de risco para a ocorrência de assédio moral, aumentando em 300% a ocorrência do assédio frequente entre esses servidores. Além disso, metas altas ou muito altas também são fator de risco para a ocorrência de Transtornos Mentais Comuns (TMC), aumentando em 250% sua ocorrência, e também estão associadas ao aumento em 70% dos casos de dor lombar, e em 240% a ocorrência de dor lombar crônica.
Os transtornos mentais comuns (TMC) são um conceito criado para designar um conjunto de sintomas não psicóticos que habitualmente estão relacionados com quadros subclínicos de ansiedade, depressão e estresse, que por sua elevada prevalência são considerados um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Entre os servidores em teletrabalho, a pesquisa identificou uma frequência de 36,2% de TMC. Já entre os servidores em regime tradicional de trabalho a frequência, ainda alta, é de 33,3%.
Outro dado identificado foi o de que no teletrabalho há um aumento de 14% nos sintomas de problemas osteomusculares. Esses problemas estão diretamente ligados à natureza da atividade no trabalho, à intensidade com que se trabalha e à adequação ergonômica do local de trabalho.
O SIMPE-RS reivindica que o teletrabalho seja adotado como padrão no Ministério Público do Rio Grande do Sul até que a pandemia de coronavírus esteja controlada e não represente mais risco para os servidores e suas famílias. Contudo, é importante estar alerta para esses fatores apontados pela pesquisa e que também podem trazer risco à saúde física e psicológica. Por isso, reforçamos que a Ouvidoria em Saúde do SIMPE-RS é um canal sempre à disposição dos colegas do MPRS.