Crônica: Fake news em tempos de pandemia

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Crônica: Fake news em tempos de pandemia
Por Silvia Generali da Costa, psicóloga e assessora em Saúde do SIMPE-RS

Com tantas informações divergentes é fácil não sabermos o que é verdadeiro e o que é fake. Confesso que quando vi a foto da inauguração da Havan, em Belém, achei que a imagem da multidão descontrolada frente a uma loja de departamentos fosse falsa. Para minha surpresa, não era! Mas muitas notícias publicadas nas redes sociais ou em jornais e revistas são falsas ou incompletas.

As pessoas estão tão expostas a informações e novidades que, muitas vezes, não conseguem perceber as armadilhas que uma notícia pode trazer. Uma notícia com um título bombástico sempre nos chama atenção. Mas o que estará por detrás destas chamadas sedutoras?

Aqui vão algumas pequenas e rápidas indicações de cuidados que se pode ter ao analisar uma notícia, a fim de verificar sua veracidade.

As notícias mal intencionadas costumam ser apresentadas fora do seu contexto. Por exemplo, se alardeia que houve um investimento de três milhões em uma obra pública. Três milhões de reais é muito dinheiro para qualquer trabalhador, mas quanto isto representa no orçamento do governo? Em que estão sendo investidos os demais milhões coletados através dos impostos? Quais as prioridades de investimento?

Outro tipo de notícia que gera preocupação é aquela que desvia o leitor do fato principal. Há corrupção, queimadas na Amazônia e no Pantanal, mas o grande fato da semana é a separação de um astro das telenovelas.

E será a notícia uma novidade mesmo? Só saberemos se conhecermos o que foi escrito, dito e pensado anteriormente. A grande novidade pode ter sido anunciada em 1520.

Há também, a pura e simples invenção, de algo que nunca ocorreu, como a famosa mamadeira de piroca.
Antes de acreditarmos ingenuamente em tudo o que lemos, é necessária uma análise crítica. Qual a fonte da informação? Qual o contexto? As campanhas contra fake news e os sites que investigam a veracidade das informações são bastante úteis neste sentido.

Em plena pandemia adoraríamos acreditar que Putin nos entregará uma vacina confiável na semana que vem, que em 15 dias teremos imunidade de rebanho e que jovens não correm risco com o COVID. Assim como a multidão que se comprimiu às portas da Havan acreditou que realizaria seus sonhos de consumo a preço de banana e, de quebra, ainda ganharia um emprego com carteira assinada.