O IBGE aponta que, entre 2012 e 2019, houve uma diminuição de 3.836 milhões de trabalhadores sindicalizados, o que representa uma queda de 26,7% no período. A maior queda foi justamente entre os anos de 2017 e 2018, logo após a aprovação da Reforma. Nesse intervalo, as entidades representativas perderam um total de 1.552 milhão de filiados.
Por outro lado, a mudança na legislação trabalhista pareceu impulsionar o trabalho informal e por conta própria. No primeiro ano, entre 2017 e 2018, o número de trabalhadores com carteira assinada caiu de 33.098 milhões para 32.836 milhões. Já os por conta própria passaram de 23.005 milhões, em 2017, para 23.425 milhões em 2018. No segundo ano, o número aumenta para 24.426 milhões. O número de trabalhadores do setor privado sem carteira assinada, informais, também cresceu, passando de 11.061 milhões, em 2017, para 11.581 milhões, em 2018, e 12.009 milhões em 2019.
Historicamente, informais e trabalhadores por conta própria têm dois dos três menores índices de sindicalização, com uma taxa superior apenas em relação aos trabalhadores domésticos. Em 2019, apenas 4,5% dos trabalhadores informais e 7,3% dos por conta própria eram filiados a entidades representativa.
Outro fator que se soma, influenciando neste cenário de diminuição na taxa de sindicalização é a queda no valor real do rendimento médio da população. No trimestre de janeiro a março de 2012, primeiro da série, o rendimento médio do brasileiro era de R$ 2.217,00. Já no trimestre que abrange março, abril e maio deste ano, o rendimento médio ficou em R$ 2.500,00. Apesar do aumento, se o valor de 2012 fosse corrigido pelo IPCA-IBGE (Índice de Preços para o Consumidor Amplo), de acordo com o Banco Central, o rendimento médio deveria ser de R$ 3.481,21.
No entanto, mesmo existindo alguns fatores que podem ser apontados como impulsionadores da queda na sindicalização, o fenômeno é amplo e se expressa nos diferentes setores econômicos e vínculos empregatícios. No setor que abrange a “Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais”, por exemplo, que sempre liderou o percentual de sindicalizados, a taxa passou de 23,6%, em 2017, para 18,4% em 2019, sendo ultrapassado pelo setor de “Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura”, que também apresenta queda desde 2012.
Já em relação à posição na ocupação e categoria do emprego no trabalho principal, os empregados do setor público continuam com os maiores índices de filiação, mas apresentam queda expressiva de 28,4%, em 2012, para 27,3%, em 2017, e 22,5% em 2019. A categoria de empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada também teve queda expressiva: de 20,9%, em 2012, para 14% em 2019.