Pacote do Retrocesso: Reforma Administrativa ameaça estabilidade, carreiras e direitos históricos dos servidores públicos

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Pacote do Retrocesso: Reforma Administrativa ameaça estabilidade, carreiras e direitos históricos dos servidores públicos

FENAMP e ANSEMP analisam as propostas legislativas apresentadas pelo Grupo de Trabalho da Câmara e alertam para o desmonte do serviço público, a precarização das relações de trabalho e o fim de direitos consolidados.

O Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Administrativa na Câmara dos Deputados concluiu seu relatório final, apresentando um pacote legislativo composto por uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um Projeto de Lei Complementar (PLP) e um Projeto de Lei (PL). O discurso central da proposta é a "extinção de privilégios" no serviço público. No entanto, uma análise atenta dos textos revela uma perigosa distorção: para supostamente atingir uma minoria, a reforma propõe a retirada de direitos históricos e a precarização das carreiras da grande maioria dos servidores, que estão longe de ser privilegiados.

A FENAMP e a ANSEMP alertam que a proposta cria uma falsa simetria, usando a exceção dos chamados "supersalários" — problema que deveria ser tratado com medidas específicas e fiscalização — como pretexto para promover um desmonte generalizado. Na prática, a reforma não se concentra em privilégios, mas sim em direitos consolidados de toda a categoria, como a estabilidade e planos de carreira. As entidades conclamam a categoria a se mobilizar contra um projeto que enfraquece o serviço público, achata direitos e cria um ambiente de insegurança para todos.

A seguir, destacamos os pontos mais críticos que ameaçam diretamente a sua carreira e o futuro do serviço público brasileiro:

Estabilidade ameaçada e novas condições de trabalho

Embora a estabilidade seja mantida formalmente, a proposta cria mecanismos que a fragilizam na prática, como avaliações mais rigorosas e um estágio probatório mais longo e punitivo.

Institucionalização da precarização

A proposta amplia e flexibiliza a contratação de agentes temporários, criando um vínculo de trabalho frágil e sem as garantias do servidor efetivo, o que representa um grave risco de substituição da força de trabalho concursada.

Carreiras desvalorizadas

As novas regras para estruturação de carreiras e remuneração tornam o avanço profissional mais longo e dificultam o alcance de salários mais altos, desestimulando a atração e retenção de talentos.

O fim de direitos históricos

O Pacote propõe a vedação explícita de uma série de direitos e vantagens que hoje integram a remuneração e a carreira dos servidores públicos, representando um grave retrocesso. Entre as proibições, destacam-se:

Ambiente fértil para o assédio moral

Apesar de a proposta legislativa dedicar um capítulo inteiro à garantia de um "meio ambiente de trabalho saudável, seguro, inclusivo e respeitoso", definindo como infrações graves o assédio moral e sexual, outros mecanismos previstos podem, paradoxalmente, aumentar a vulnerabilidade dos servidores e criar um terreno fértil para a prática de perseguições e assédio.

A nova estrutura de gestão, focada em metas individuais e avaliações de desempenho com forte poder discricionário da chefia, cria uma perigosa concentração de poder que pode ser usada como instrumento de coação.

Risco à população

As mudanças não afetam apenas os servidores, mas também a capacidade do Estado de prestar serviços de qualidade à população, seja pela dificuldade de contratar pessoal, seja pela restrição de recursos.

Mobilização é a resposta

As propostas apresentadas pelo GT da Reforma Administrativa representam uma ameaça existencial ao serviço público que conhecemos: um serviço profissional, estável e voltado para o cidadão. A FENAMP e a ANSEMP não aceitarão passivamente a retirada de direitos e a precarização do trabalho.

É preciso que a categoria se mantenha informada por meio de nossos canais oficiais, participem dos debates e se unam às mobilizações que serão convocadas. A luta em defesa de nossos direitos, de nossas carreiras e de um serviço público de qualidade para a sociedade está apenas começando.

Já estamos promovendo uma ampla campanha nas redes sociais contra o “Pacote do Retrocesso” e conclamamos todos os servidores do Ministério Público e do serviço público em geral a participarem compartilhando e difundindo a farsa dessa reforma.

Juntos, somos mais fortes!